quinta-feira, janeiro 25

Os Romeiros


"Ser açoriano é ser religioso, é ser cristão.

Carreiro da Costa diz: A cruz do redendor não vinha apenas desenhada nas velas, mas sim também gravada nas almas, como um sinal de piedade, de fé."

Álvaro Saraiva e Teixeira Dias


"As romarias tiveram origem nas calamidades públicas motivadas pelos terramotos que em 1522 arrasaram Vila Franca do Campo. Nesses momentos de aflição, os micaelenses imploraram a misericórdia divina, por intermédio da Santissima Virgem, e sentiam tão viva a sua protecção que jamais, desde então, deixaram esta piedosa prática, conservando-a ainda hoje na sua característica primitiva. Todos os anos, durante a Quaresma, dezenas de ranchos de romeiros percorrem a ilha de S. Miguel, ao longo de uma semana e num, trajecto de cerca de 200 quilometro, com as mínimas condições de sustento acomodação. O «MESTRE» é a primeira das figuras principais do rancho, pois é ele quem preside ao auto processional de quem dirige as orações. A segunda posição hierarquia cabe ao «Procurador das Almas», que recebe durante o trajecto os pedidos das pessoas para as orações aplicadas a diversas intenções. A terceira figura titulada do rancho é o«Guia», que segue na frente de todos os outros romeiros, pela sua experiência dos caminhos que os levam a todas as capelas, ermidas e igrejas onde haja uma invocação à Virgem Santíssima."

Guia de S. Miguel, Coordenação de José Vieira

"De todos os estratos económico-sociais, o mesmo trajar, o mesmo entoar da Avé-maria dolente, que a aflição e a fé os fazem reencontrar na sua expressão mais simples - a humildade. Durante oito dias, em duas longas filas, rezando alto e caminhando, eles aí vão percorrendo as estradas de S. Miguel, parando em todas as igrejas onde existe a invocação da Virgem, numa simplicidade comovente, que a todas toca. Xale, lenço, uma cevadeira caida das costas, bordão na mão, descalço ou não, conforme a promessa e o seu rosário onde os quilómetros da estrada se contam por Avé-marias.
À frente vai o guia, que é em geral conhecedor do caminho e veredas. A meio o Procurador das Almas, que de vez em quando manda rezar pelos defuntos e, por fim o Mestre, que nem sempre é o mais velho e que a todos trata por irmãos.
À noite, a cama alheia, a esmola da sopa que os conforta e a água quente que do alguidar fumega num último sopro de alívio, para os pés cansados, na casa que alberga(...).

As preces proferidas pelo Mestre, de cada rancho, são merecedoras de atenção pela ortodoxia e espontaneidade do conteúdo da súplica, quando num ritual próprio, se deixam ficar em oração, bordões por terra, à porta das ermidas e igrejas. É pois o mestre de todos as figuras do rancho, ele quem preside ao acto processional, quem dirige as orações, quem oferece, quem suplica a Deus e à Virgem as inúmeras preces de que vem incumbido. Ao Mestre deve-se obediência, todos lhe beijam a mão de manhã e à noite, é ele quem dá sinal do descanso e a ordem para nova caminhada. É quem pede ao anoitecer na povoação onde chega pousada para os romeiros, é o que agradece os favores recebidos, é o responsável, por qualquer anomalia que se dê entre os romeiros e é o último a receber atenções e regalias.
Depois, o "Procurador das Almas" que ao dirigir as preces e ao pedir aplicação delas por intermédio do Proclamador das Almas que tem de o fazer em alto pregão de modo a ser ouvido no rancho inteiro. É quem recebe durante o trajecto os pedidos das diferentes pessoas, para orações, aplicados a intenções diversíssimas, e daqui lhe vem o nome de "Procurador", e das "Almas" lhe chamam porque de motu-próprio de quando em quando, manda rezar todo o rancho:
-Pelas almas do purgatório, Padre Nosso, Avé Maria.
E todo o crente que pede ao Procurador, alguma oração, fica por este facto obrigado a rezar tanto dessas orações quantos os romeiros que vão no rancho, que cada um deles reza a oração pedida.
Quem é o Procurador? Pergunta alguém da berma da estrada, e vai segredar-lhe de seguida uma oração pela alma dum ente querido ou por uma intenção particular. "



Apontamento Histórico Etnográfico - São Miguel/Santa Maria


Pesquisa realizada por:
Carlos R.
Diogo T.
Rafael P.
Ruben A.


quinta-feira, janeiro 18

O Carnaval na Ilha TERCEIRA

O Bailinho de Canaval




"Descendentes de ancestrais formas de teatro popular, a que não será certamente alheia a "chacota medieval", os Bailinhos de Carnaval são sempre de natureza cómica e sua trama, sempre datada, se bem que são muito consistentes, prima pela capacidade crítica. O seu texto corresponde ao melhor que há do nível da poesia popular. A rima, quase sempre cruzada, segue um ritmo solto de improviso. Tiradas moralizantes, alternam com trocadilhos brejeiros e piadas de ocasição.



Carnaval, festa bonita,


De alegria sem igual,


Todos os anos visita


a nossa terra natal




Na hora da despedida


Levamos saudade imensa;


A nossa escola;


Que nos prepara p'rá a vida;


Quis marcar sua presença."






1º Concurso Regional de Danças e Canções Tradicionais, um projecto da Direcção Regional da Educação/Centro de Apoio Tecnológico à Educação



Pesquisa realizada por:

Carlos R.
Diogo T.
Rafael P.
Ruben A.